Artista: Coletivo Lâmina (Gabriela Laurentiis e João Mascaro)
Curadoria: Marina Frúgoli
Abertura: 03/09/2022
Período: 03/09 a 01/10
Curadoria: Marina Frúgoli
Abertura: 03/09/2022
Período: 03/09 a 01/10
Entremeios
Se na história da arte ocidental a paisagem é usualmente aquela cuja observação se dá de maneira externa e passiva, vista de longe, Entremeios 2 é um convite para a imersão em uma urbanidade que nos leva a estar simultaneamente dentro e fora dela. A segunda versão da instalação criada pelo Lâmina (coletivo formado por Gabriela De Laurentiis e João Mascaro), tal como a própria cidade, é passível de múltiplas interpretações e apropriações. Vista de cima, São Paulo revela a impossibilidade da leitura de suas tramas. Labiríntica, não há foto capaz de abrange-la como um todo, suas dimensões são inabarcáveis. Ao ser impressa como um outdoor, a vista panorâmica subverte a linguagem publicitária, esta que preza por mensagens rápidas, claras e diretas.
Há espaço para a incerteza, a análise, o percurso lento. Vivenciada desde dentro, a paisagem sonora é composta por maquinarias de locomoção que denotam uma presença humana em altos índices de densidade e estresse. Sons que na vida cotidiana são ignorados devido ao anestesiamento dos sentidos, inevitável para a sobrevivência na cidade, aqui ganham uma presença irrefutável. Vozes que performam cientes da presença de gravadores complementam a cena. É também ao nível da rua que nos deparamos com capacetes, fardas, drones, camburões, cavalos, coletes, viaturas e cassetetes. São aparatos de vigilância, controle e punição apresentados na forma de energia potencial: não há uma ação, mas uma iminência. Mesmo quando esta não se concretiza, já exerce a sua função. Ao contrário de como se lida com os sons, a estratégia de sobrevivência de muitas pessoas é a constante atenção à sua presença, seja ela sutil ou ostensiva. Apesar da transparência das camadas de fotolitos e projeções, emerge da sobreposição da materialidade sonora, dos suportes de fixação, do mar de concreto e da ostentação policial a opacidade da metrópole.
Há espaço para a incerteza, a análise, o percurso lento. Vivenciada desde dentro, a paisagem sonora é composta por maquinarias de locomoção que denotam uma presença humana em altos índices de densidade e estresse. Sons que na vida cotidiana são ignorados devido ao anestesiamento dos sentidos, inevitável para a sobrevivência na cidade, aqui ganham uma presença irrefutável. Vozes que performam cientes da presença de gravadores complementam a cena. É também ao nível da rua que nos deparamos com capacetes, fardas, drones, camburões, cavalos, coletes, viaturas e cassetetes. São aparatos de vigilância, controle e punição apresentados na forma de energia potencial: não há uma ação, mas uma iminência. Mesmo quando esta não se concretiza, já exerce a sua função. Ao contrário de como se lida com os sons, a estratégia de sobrevivência de muitas pessoas é a constante atenção à sua presença, seja ela sutil ou ostensiva. Apesar da transparência das camadas de fotolitos e projeções, emerge da sobreposição da materialidade sonora, dos suportes de fixação, do mar de concreto e da ostentação policial a opacidade da metrópole.
Marina Frúgoli
Produção e montagem: Fernando Gallo
Produção e montagem: Fernando Gallo